quinta-feira, 12 de agosto de 2010

SÉRIE REPENSAR A RELIGIÃO: DAR O DÍZIMO E A MELHORIA DE VIDA


Por mais que Paulo e Salomão não quisessem que você pensasse livremente, pensar é preciso, não loucura. Hoje vamos refletir sobre o dízimo. Está instituído na bíblia que 10% do valor de todas as finanças de cada fiel deve ser revertido à própria igreja para a obra de Deus. Vamos ignorar por hora o curioso mandamento de um ser que não precisaria de um níquel, e muito menos da mão-de-obra humana para realizar sua obra, e pensar apenas no ato de dar dinheiro a uma instituição acreditanto estar devolvendo a Deus parte do que ganhou, graças a ele. Ignoraremos também, momentaneamente, as ofertas, que estão fora do montante de 10% e são dados de acordo "com aquilo que Deus coloca no coração de cada um de vocês". Bom, primeiro vamos tentar concordar em uma coisa. Não importa no que você acredite, seu dinheiro não volta para as mãos de Deus. Você pode até achar que ele será usado segundo sua vontade, não tenho problemas com isso. Mas enquanto você não vê suas notinhas sairem voando às alturas com um facho de luz, elas não voltam à Deus. Você vê elas serem depositadas num local, onde serão contabilizadas por um ser humano, seu gasto será planejado ( ou não ) por seres humanos, por fim será administrado por seres humanos, estando ou não eles de acordo com a vontade de Deus. Se essa é a forma que você considera que vossos ganhos voltam à décima parte para as mãos do Senhor, sua crença não anula o fato de que essa grana passará por mãos humanas. Portanto você não devolve a Deus, você devolve a uma instituição, que se coloca como intermediária em várias relações entre você e Deus. Como verá em outros posts, esse Deus gosta de usar intermediários humanos para suas tarefas.

Sobre o "ato de dar dinheiro à igreja", sinceramente, não sou contra. Eu vejo como uma relação de pagamento por um serviço oferecido, uma relação comercial. O cristão não vai chorar suas pitangas na igreja ? Se aconselhar com os pastores que adoram ser considerados terapeutas de casais, com base bíblica (vai render outro post em que me divertirei muito) ? Não pede proteção lá, não usa o local e a rede humana presente como forma de comungar as maravilhas de seu Deus? Não está na igreja parte importante de seu círculo social? Ora, então que pague. Para que o pastor mantenha sua ilusão... ops, mantenha o sistema cristão funcionando
, faça as visitinhas que você adora, onde ele detona quatro pratos do jantar que você fez (ok, lembranças de adolescente), ele tem ganhar algo para isso, e isso vem do seu dízimo. Então... pague. Seus missionários também precisam de dinheiro, apoio e provisão para desaculturar culturas isoladas e ir até os longíquos confins da Terra para achar tribos geralmente felizes e mostrar que acreditar em vários bichos numa arca é muito mais saudável que considerar a Lua como um Deus. Então, vai lá fiel, você se orgulha disso, pague.

O que eu quero tratar no post é diferente. Para que as pessoas contribuam com seu dízimo, já que as igrejas não podem cobrá-lo obrigatoriamente, precisam se inventadas algumas tecnicazinhas. A primeira é fácil de deduzir. "Cara, tu tem certeza que quer roubar a Deus ??? Ele podia pedir tudo, mas só pede 10%, veja como é bonzinho, você está em débito não com a igreja, mas com Deus." Imagina dever a Deus. Ok, você já acha que deve tudo a ele, mas imagine dever esses 10% para um Deus que pode te fulminar em segundos (e você lembra daquele casalzinho em Atos que tentou, certo?), te jogar na barriga de uma baleia ou te transformar numa estátua de sal. Nada bom não? Melhor quitar a dívida.

A segunda técnica é mais light, é o assunto mais importante aqui. Se não paga, pode se lascar. Por outro lado, dando o dízimo, é incrível como sua vida melhora, inclusive financeiramente. Sim, vários pastores pregam isso. Eu cresci ouvindo esse discurso. E a pessoa que mais admiro no mundo, meu pai, acredita fortemente nisso, o que o faz ser fiel ao dízimo. Por isso usarei-o como exemplo nesse mesmo tempo, porque tenho conhecimento de causa.

É claro que a primeira vista a idéia destrói o que conhecemos de matemática. Ao tirar uma fatia de 10% do seu rendimento você acaba de fazer uma subtração, não uma adição ao seu rendimento. Seria válido, é claro, se no próximo rendimento você ganhasse bem mais. Um aumento salarial repentino, digamos, o que obviamente também vai aumentar a parcela de 10% que você vai devolver prá igreja. Mas não pensemos em termos de matemática. Vamos tentar ver por outro ângulo.

De fato, dar o dízimo faz o fiel melhorar de vida ???
Eu tenho algumas respostas alternativas antes de responder isso.

Ponto de Reflexão 1: A mensagem enganosa da minoria: Efeito de propaganda seletiva.

Vou chamar de propaganda seletiva o seguinte, e simples, fenômeno. Imaginemos que num grupo de 100 pessoas que dão o dízimo fielmente durante o período de um ano, portanto 12 meses, 10 pessoas (para ser irônico) tenham conseguido uma melhoria de vida em termos de qualidade e finanças. Essas dez pessoas conseguiram promoções de cargo, aumento salarial, mudaram de casa, carro novo, fizeram novos planos de saúde. As 90 pessoas restantes continuam com sua vida sem que alguma mudança substancial tenha sido detectada para que consideremos que melhoraram de vida.
Como todas esses 100 fiéis dizimistas frequentam a mesma igreja, eis que o pastor convida qualquer pessoa que queria dar o testemunho. Adivinha quem vai ?

Como a máxima, ou o dogma, é que ser fiel a Deus faz com que você melhore de vida, não se considera a possibilidade de isso não ocorrer. Quem conseguiu tal "benção", mesmo que seja uma minoria, é exatamente quem vai sair alardeando e agradecendo pelas dávidas. Os que não conseguiram, incentivados pelo testemunho de quem conseguiu, acreditarão apenas que sua hora não chegou, mas em algum momento vai chegar, e por isso deve continuar fiel. Por isso pastores adoram testemunhos dessa natureza.

Por fim temos uma ilusão que é uma lei universal a todos que dizimarem, pois embora os contemplados tenham sido uma minoria, são justamente eles que vão fazer o barulho que vai dar credibilidade à essa ilusão. É um acontecimento análogo à nossa atual imprensa e sua preferência pelas notícias ruins, e o que acreditamos do mundo em que vivemos.


Ponto de Reflexão 2: Porque a vida de uns melhora, e a vida de outros não ?


Livre dessa ilusão, é absolutamente óbvio que no universo de pessoas que dizimam, são apenas alguns que conseguem de fato tal melhoria de vida. Outros passam toda sua existência esperam por seu momento que parece nunca vir. Porque Deus favorece uns e outros não, sendo que estamos falando de todos que dão dízimo. Ele escolhe pela cifras ? Pela pontualidade ? Pagamento com boleto adiantado ?
Ele simplesmente não escolhe nada, como veremos no ponto 3. Não depende de um ser divino recebendo várias quantias contemplando poucos dizimistas como o carnê
do Sílvio Santos faria, trata-se de outras variáveis. Mas a questão chave é que pouco importa do que se trata, os crentes que ainda não receberam as bençãos prometidas, apesar de terem sido fiéis no dízimo, não precisam se preocupar quando na bíblia existe um dispositivo como " Deus sabe o que é melhor para você, e o momento certo para você ganhar o que pede". Bem lógico não? Se ainda não recebeu, é porque isso não é bom prá você, ou porque não chegou a sua hora. Então dizime outra vez, quem sabe da próxima. Eles vão se lembrar daqueles sortudos filhos da puta que subiram no altar e testemunharam o quanto se deram bem sendo fiéis, e pensar que uma hora serão eles ali. Claro, se e do jeito que Deus quiser. Na hora determinada por ele também. E não, você não precisa saber de nenhuma dessas informações.

A questão é que existem pessoas que não dizimam e são felizes. Richard Dawkins, que citarei mais adiante, é um cara bem resolvido financeiramente, goza de um excelente cargo numa universidade famosíssima e de ótima reputação no campo da ciência, principalmente na Biologia Evolucionista. Se você sabe de quem eu estou falando, deve concluir que ele não dá dízimo. E você certamente conhece pessoas bem sucedidas que não deixam um centavo na igreja, como conhece pessoas que dizimam mesmo sem ter um centavo no bolso. E olha só, você vai se lembrar da velhinha, de Jesus, dos discípulos, e achar isso lindo, naquela historinha do livro de Mateus.

Mas como você está vendo que não funciona com todo mundo, não dá pelo menos uma coceirinha de se perguntar se isso é verdade mesmo? Não ... foi o que pensei. Vamos seguir então.

Ponto de Reflexão 3: Mérito Próprio + Oportunidades Aleatórias

E vou cometer duas heresias aqui. Vou falar do ser humano fazendo algo de bom para si mesmo ( ohhh, como pode isso? ) e de oportunidades que aparecem aleatoriamente. Aleatório te lembra de acaso, e se você for cristão, odeia a idéia de acaso. Mas vamos com calma.

Primeiro de tudo. Ok, apesar de a propaganda poder ser enganosa e de existir exceções à regra, isso não anula o fato de que algumas pessoas que são fiéis no dízimo, de fato melhoram suas vidas. Vamos além, podemos falar de pessoas que são fiéis em tudo na igreja, e que com isso conseguem melhorias inacreditáveis em suas vidas. Isso não prova que ser fiel a Deus é bom ?

Não se pensarmos em outra explicação para essas melhorias de vida ;-)

A mais óbvia de todas é que a pessoa realmente mereça. Ora, por esforço próprio ela não poderia alcançar suas vitórias? Porque os cristãos se acostumaram tanto a se "amebizar" perante um ser grandíssimo, a ponto de só fazerem merda em suas vidas, e tudo o que vier de bom, não foi por mérito deles, mas dádiva de Deus. Ohhh baixa auto-estima, ohhh síndrome da culpa judaica-cristã (lembrem-se, ele morreu por culpa de vocês !!!).

Imaginemos um personagem, Jurandir (nome de novela global). O cara sempre estudou muito, se esforçou na escola, perdeu noites revisando textos, passou como um dos melhores alunos, se formou com honra ao mérito. Em meio a isso tudo ele dizimava, orava muito a Deus pedindo por essas conquistas, depois conseguiu um bom emprego, melhorou de cargo até ter uma vida explêndida aos 25 anos.

Ele acredita que Deus lhe deu tudo isso. Eu acredito que ele montou isso em sua própria vida. Se o cara sempre foi esforçado, porque não haveria de conseguir tais coisas? Vamos isolar dois fatores e bagunçar um pouco a vida do coitado do Jurandir.

Jurandir
sempre estudou muito, se esforçou na escola, perdeu noites revisando textos, passou como um dos melhores alunos, se formou com honra ao mérito. Em meio a isso tudo ele nunca dizimou ou orou porque acreditava que ia conseguir tudo com o suor de seu esforço, sem nenhum empurrãozinho divino. Ele consegue ?

Ou então ...

Jurandir nunca estudou muito, nunca se esforçou na escola, perdeu noites bebendo na putaria, passou como um dos alunos mais irregulares, com várias reprovações anteriores, se formou levando na coxa e colando quando dava. Mas ele sempre orou muito para conseguir um ótimo emprego e ter uma vida explêndida, e sempre foi fiel na igreja. E agora, melhorou ?


Me lembra muito da propaganda daquele produto que o Pelé anunciava, que dava choquezinhos e estimulava os músculos abdominais, sem nenhum esforço seu. Você compra o produto, faz a dieta, faz exercícios, muda hábitos de vida, toma muita água, mas o que emagrece mesmo você são os choquinhos. Acha isso estúpido? Bom, você passa sua vida se esforçando, estuda muito, leva tudo a séria, tenta ser muito bom no seu emprego, aprende coisas novas, mas quem te deu suas vitórias foi Deus, por que você orava muito pedindo. E isso, é bonito ? Mais coerente que os choquinhos?

Vamos então usar meu pai como exemplo. Meu pai começou trabalhar cedo, ainda na adolescência, o que lhe deu uma característica de bastante responsabilidade bem cedo. Ele começou, claro, com empregos bem mal remunerados e nada seguros. Mas antes disso, sempre foi excelente aluno. Sei por experiância próxima a pressão de uma cara que sempre foi excelente aluno no colégio e que é meu pai, em contraste comigo que sempre andei pelos caminhos da rebeldia ideológica típica da adolescência, e a cobrança que me vinha em virtude disso. A questão é que ele sempre foi bom em tudo o que fez, sempre com capricho e perfeccionismo. Mesmo antes de se tornar presbiteriano.

Até hoje, na época em que trabalhei com ele, lembro como, mesmo sendo um dos sócios da empresa, e enquanto os demais sócios não estão nem aí e fazem seus próprios horários, meu pai gostava de ser o primeiro e último a sair. Fazia questão. Acorda, até hoje, 5:30 da manhã, para evitar o trânsito, como diz, abre ele mesmo a empresa, para o horário de funcionamento que é apenas às 7:30. Enquanto não começa tudo, ele abre seu jornalzinho e confere se todos os compromissos anteriores foram terminados, e planeja o que fazer no dia. Quando todo mundo foi embora, ele geralmente continua parte do seu trabalho, se despede cordialmente de todos. É um cara que, hoje, curte seu ambiente de trabalho. Também trabalha meio período de sábado, sendo que eu normalmente o chamo de workahollic. Ele jura que não é, quando expliquei do que se trata ;-)

Mas tudo bem, todo esse esforço e essas habilidades que possui, além de vinte anos de experiência em sua área, nada disso tem relação com a vida e o status que alcançou hoje? É tudo um presente de Deus? Ele acha que sim. Agradece toda vez por isso. Como agradece a cada refeição, como se ela tivesse materializado como um maná independente de seu merecimento, e não sido comprada com o dinheiro resultante de anos de esforço em sua carreira. Cristãos precisam ser dependentes, e são ensinados a isso muito bem. Tem de haver necessidades e vulnerabilidades para haver sentido num Deus protetor e paterno, correto? Como precisa haver uma condenação para fazer sentido um salvador (Jesus nos salvou do que mesmo? ).

Essa dependência faz com que desconsiderem completamente o que chamo de oportunidades aleatórias. Nada é aleatório, vai dizer o cristão, tudo faz parte de um grande plano. Porque é tão difícil aceitar o acaso, o caos? Dawkins tem uma idéia interessante em seu livro "O Relojoeiro cego", onde tenta desmistificar a teoria da Evolução, sempre atacada por aqueles que pensam haver um "projetista" para as espécies e a vida do planeta. Diz o biólogo que talvez estejamos tão acostumados a acreditar que tudo tem um motivo, ou acontece para algo posterior acontecer, ou que existe destino proposital, e mais, que tudo está planejado, porque nossa sociedade está acostumadíssima com planejamentos e propósito no que fazemos. Se criamos uma geladeira, todo seu design e suas engrenagens tem um porque de ser. Ela foi planejada. Carros também. Tudo o que produzimos.
É estranho então pensarmos em acaso, em aleatoridade. Mas são fenômenos matematicamente nada surpreendentes.

Voltemos a meu pai. Na clínica de psicologia com os pacientes, toda vez que um deles menciona sintomas súbitos, sempre perguntamos se eles estão no contexto de alguma grande mudança na vida. " Você se lembra de algo importante que tenha ocorrido nessa mesma época? ". Com isso contextualizamos. Depressivos, por exemplo, por vezes mencionam que seus sintomas iniciaram por ocasião da morte de um ente querido ou um término de relacionamento que seja. Fica mais fácil entender as coisas assim. Meu pai diria que o ponto culminante da mudança de sua vida foi ter entrado na igreja (falaremos disso depois), mas o ponto fatual foi a mudança para Manaus-AM.

E para isso ter ocorrido, houve um evento indispensável. Um congresso onde as empresas que tratam de fabricar transformadores da várias partes do país se reuniram, em meados de 1996, senão me engano. Lá estavam funcionários, empresários, líderes de setores, analistas, fornecedores e todo o resto. Lá um empresário de uma empresa iniciante de Manaus, mas com muito potencial, conheceu meu pai e o convidou para tocar em frente essa empresa, com um salário muito maior e melhores condições de vida. Foi aí que tudo mudou.

Ele acredita que isso foi arquitetado por Deus. Mas precisava ?

Ora, é comum que as empresas de um mesmo setor se reúnam, inclusive concorrentes costumam permitir visitas entre si para intercâmbio de informações e tecnologias. Não precisava Deus ter bolado isso, é um evento do interesse de cada empresa que participou. Lá estando, Deus teria armado o encontro entre o empresário e meu pai? Talvez, mas pode ser mais simplesmente explicado pelo fato de que o empresário falava por sua empresa, e meu pai falava pela dele, e isso já é suficiente para que a probabilidade do encontro de ambos tenha alta. Como eu disse, meu pai se destaca facilmente nesse mundo. Sendo mais curto e grosso, caralho, será que meu pai não merecia por mérito próprio essa chance, essa oportunidade ??? Precisa mesmo ter sido tudo um presente divino ?

Ao longo da vida temos diversas oportunidades, a medida que dizemos sim ou não, nosso futuro vai mudando e sendo construído. Isso depende de nós mesmos, do que oferemos e do que procuram, a lei da oferta e da procura. Meu pai tinha o que o empresário procurava, o empresário procurava o que meu pai tinha. Depende de nós mesmos e das pessoas que aparecem na intrincada rede de relações humanas ao longo de nossa vida. Algumas excelentes pessoas e geniais funcionários passarão suas vidas sem ter uma oportunidade como essa. Por isso, aleatoriedade. Alguns encaixam Deus no processo todo, o que gera outras perguntas mais. Meu pai é um homem genial que construiu o seu próprio status de vida, mas prefere deixar as glórias nas mãos de um ser imaginário.

Se o evento em que tudo mudou não precisa de Deus, meu pai precisava apenas dele mesmo e de uma oportunidade oferecida por um terceiro ator da história. E aqui estamos.

Ponto de Reflexão 4: Relação automática entre dois eventos

E agora falamos de uma característica típica do nosso cérebro. Relacionar automaticamente dois eventos que originalmente não tem relação entre si faz com que o entendimento, embora incorreto, pareça mais ágil e prático ao nosso próprio cérebro. É uma característica provavelmente evolutiva para lidarmos melhor com a inacreditável variedade de informações disponíveis para apreendermos por aí.



Em síntese, nos mostra, só para um exemplo, que inicialmente não existe nenhuma relação entre o comportamento dos nativos que fazem a dança da chuva e o ato de chover de fato, mas que pela repetição aleatória de ambos os eventos em uma curto espaço de tempo, os nativos tendem a associar os dois eventos, e "aprendem" a fazer a dança da chuva para pedir por chuva, mesmo que isso simplesmente não funcione. Mais ou menos assim: Vai lá os caras e fazem um ritual, tentando sensibilizar aquilo que eles acreditam ser Deus para lhes dar chuva, eles precisam da chuva para suas plantações e sua alimentação, consequentemente. Tentam a primeira e não dá certo, tentam a segunda e não da. Casualmente, chove, porque ia chover mesmo, mas como os caras estavam naquele esforço pedindo por isso, eles passam a achar que choveu por causa da dança. A chuva é um reforçamento, significa que toda vez que a chuva não vier, eles vão tentar a dança de novo. Toda vez que tentarem a dança e por acaso chover (eles não entendem cientificamente a dinâmica climática), tenderão a acreditar ainda mais que sua dança faz chover (são reforçados de novo).

Agora pense em cristãos orando e pedindo por coisas, e recebendo coisas. Inicialmente não há relação entre a oração que se pede um emprego, e o fato de em algum momento conseguir um emprego. Mas .... a tendência é relacionar, erroneamente, os dois eventos.

E agora pense no evento "dar dízimo" e no evento "melhoria de vida", não funciona aqui também?
Isso é comportamento supersticioso, resultante de uma crença supersticiosa, quase um pleonasmo se falamos de crenças religiosas.

Mas não, nunca é por mérito próprio. ;-p

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Por fim, tentei aqui apenas chacoalhar um pouco a máxima de que dar dinheiro, dizimar, ser fiel a Deus quanto a dinheiro (chame como quiser) traz a felicidade. Se você for, principalmente, da Igreja Universal do Reino de Deus, deve ter pensado em todas as 10 pragas egípcias para minha vida. Nesse caso, antes de me condenar, procure na internet por um vídeo do Macedão ensinando seus aprendizes a tirar seu dinheiro com mais eficiência na igreja. É fácil de achar. Se não achar, eu mostro onde tem para você :aqui.

Do contrário, se tem orgulho de dar 10% do seu dinheiro a espera das bençãos prometidas, vai lá, seja feliz e pague a mensali.... ops, o dízimo. Dinheiro seu (não é seu na verdade, lembre-se), decisões suas.

Apenas pense um pouquinho. Se Deus te deu essa capacidade, deve ter um motivo né, já que nada é por acaso ... tsc tsc tsc ...

Rato.

3 comentários:

Nívia Carvalho disse...

Então André!!!
Eu não te rogo as 10 pragas do egito não, rsrsrs...
Tudo o que vc comenta tem sentido sim, afinal de contas nós seres humanos somos super questionadores e durante toda nossa vida ficamos nos perguntando: de onde vinhemos, para onde vamos,porque eu devo acreditar nisso ou naquilo...
Vc escreveu de forma muito clara, com ótimos exemplos que realmente nos levam a pensar, será mesmo...
Eu cresci acreditando nesse Deus e acredito nele até hj, mas também acredito que não preciso estar num templo, ou dando dinheiro nesse templo para Deus, pois sei que ele não precisa disso, para eu acha-lo como já dizia no filme stigmata que tanto gosto "levante um pedaço de pedra e me encontrará, corte um pedaço de madeira e lá eu estarei". Ou seja ele está aqui do meu lado!!!
Ok sei que vc não acredita no que eu acabei de falar agora, as vezes me pego pensando se realmente ele existe, mas em seguida me sinto uma ingrata por pensar assim, ou seja, todos nós temos nossas crenças certo, vc tem a sua, eu a minha, o zezinho a dele, a mariazinha a dela e assim por diante.
Mas gostei muito do texto, meus parabéns pela forma que o conduziu e vá em frente com os seus objetivos, lhe dou todo o apoio...
Bjs.
Nívia

sim, e daí? disse...

Acaso André, o seu caso é puro por acaso? E vc disserta sem certeza clara, sem o óbvio do dialeto que explique sua falta de liberdade de pensamento. Afinal vc é conciso com a regra sem exceção a regra da escravatura do pensamento face à preocupação com o que vc jamais alcançará em tese ou em prática de sua eloquência em desespero de causa, a falta do saber.
Dinheiro! Pq te parece tão importante discorrer sobre fatura alheia como se fosses dono do mundo e do poder capitalista que não é propriedade de ninguém, ou é seu o poder bancário e as contabilizações com distribuições que aos seus olhos parecem ser inadequadas, como o que estuda e nada tem e o que jamais pisou numa escola e tem muitos bens? Explique isso!De onde procede a sorte, sentido lato que expressa o direito do ser além de sua mera compreensão?
Bazófia é termo inerente ao interlocutor que vazio tenta suprimir seu sentimento reconhecido de per si vago e vazio, pois faz jus ao direito de pensar escavamente pelas rédeas da onagrice que o tange de dentro a fora.
Propositalmente vc se ergue como que das cinzas de uma formação que jamais te delegou o direito e o poder do livre pensamento, (e recalcitras contra sentidos ordenados?) pois te ordenaram uma linha de pensamento visando uma perspectiva de pronto pré-programada para citar respostas aos ébrios e descontrolados em suas mentes, tratamento diagnosticado pelo vazio das certezas falsas.
Ver vc bazofiando assim me lembra do coitado deitando querendo se levantar, mas lhe faltam as pernas.
Afinal, qual promoção pretende que outros já não obtiveram antes de ti?
É fácil ver que quem te babas tem dúvidas até mesmo de si mesma e não é certa no que crê, afirmando em claro ser pérfida em sua locução bajulativa e vazia. Vinde a mim e te darei concisão e certeza que vc espera obter no vão de seus pensamentos softwarizados pelos que te programaram as diretrizes mundanas desenxabidas, quando vc mesmo se desbota na busca de reconhecimento e louvores aos seus sofismas encabulantes. Vc é um verdadeiro absurdo coloquial.
Dessarte, vc segue com os que também buscam e nunca acham o porto para se atracarem seguramente em uma ideologia válida e firme.
Agnóstico é um ser declaradamente inseguro, vago e vazio de qualquer certeza sobre qualquer causa elementar. É ou não é? E assim a Maria André segue com as outras se auto-engodando, achando ser livre para pensar quando apenas apresenta respostas a textos te insuflados por ordem e lei de um seguimento falível, a logosofia, sem conexão com o fato verdade incognoscível aos formados pela base da dúvida quanto a tudo de direito inexcluível que apenas é por poucos alcançado.
A sorte da fé é de propagação apenas entre os que são perfeitos em suas arquiteturas assim feito propositalmente pelo Criador em detrimentos dos outros apenas figurantes e coadjuvantes do maior evento da humanidade.
Ainda continua no buraco do sonho de seu pai né?
Carícias em sua mente afobada pela incapacidade de assimilação e entendimento equável.
Att.,
Assombroso!

sim, e daí? disse...

A propósito Dedé, ainda venho lhe incutir algo desafiador e muito relevante em face à sua certeza/incerteza de como sanar déficits psicomentais que coíbem curas de sentidos motoros cerebrais e demais casos excludentes ou requerentes de apreço cautelar médico comum ou psiquiátrico (a ilusão catedrática), para sanar o ser físico e mental.
Assim lhe imploro que apresente uns candidatos doentes de cadeiras de rodas por rompimento de medula cervical ou de nascença mesmo que apresente melhoras ou cancerosos em estado terminal que venham ser recompostos por sugestividades psicológicas ou tratamentos psiquiátricos se achar que a causa da doença física for de procedência de distúrbios mentais, e assim aplicar o tratamento de exercícios cognitivos para a cura e libertação do indivíduo que vegeta em leito doméstico ou hospitalar; se não o fizer porque não cale a boquinha dos dedinhos digitantes e desesperados em busca de oferecer aos outros leigos como tu o que tu nunca jamais alcançará o poder de fazer? Ou vc ainda duvida mesmo, por mera teima e deficiência psicológica em sua formação sapiente(?) da ressurreição dos que já morreram e voltaram a respirar e andar entre nós, o que é ainda mais elevado que apenas curas e recuperação dos vivos decadentes fisicamente?
Prove-me algo deste teor requerido e que podes algo além de falar pelos cotovelos, e eu te convido a se livrar da observação de cunho financeiro e assistir ao vivo o Criador dar conta de suas criaturas, mesmo que vc se ache uma exceção à regra sobre o evento de sermos todos criados e feitos e não um subproduto de uma tese doentia chamada explosão nuclear.
Att.,
Sombrinha contra o calor da estupidez humana.